quinta-feira, 13 de março de 2014

Ah,...que delicioso!

Queria eu escrever um poema...dizer com palavras bonitas qualquer coisa de ordinário, mas com uma visão toda poética. E teria um título assim: Lodola, lodoletta.
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(…) “O Emaranhamento, se existe, é portanto, deliberado; o mecanismo, se existe, é, portanto, deliberado; mas não por mim e, sim, pela própria fabulação, pelas próprias personagens. E, com efeito, revela-se imediatamente: a miúdo, é arranjado e posto à vista no próprio ato de arranjá-lo e armá-lo. É a máscara para uma representação, o desempenho do papel que cabe a cada qual, aquilo que desejaríamos ou deveríamos ser e aquilo que, aos outros, parece que somos, ao passo que, o que somos, nem nós mesmos, até certo ponto, o saberemos; é metáfora bisonha e incerta de nós mesmos; a construção, frequentemente cerebrina e capciosa, que fazemos de nós ou que de nós fazem os outros: logo, realmente, um mecanismo, sim, em que cada qual, deliberadamente, repito, é o títere de si mesmo. Depois, no fim, vem o pontapé, que manda pelos ares a geringonça toda.” (p.319)

PIRANDELLO, Luigi. Advertência sobre os escrúpulos da fantasia. São Paulo: Abril Cultural, 1978.
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Gentil cotovia, o que você traz de notícia? Boa, espero. O que você anda espiando do alto das árvores? Diga se vê algo que mereça atenção. Diga se vê uma janela ao lado de uma amendoeira, janela que serve de contato entre o eu e a natureza. Você se vê no reflexo? Pensa que é você mesma ou outra lodoletta? Canta pra mim, cotovia, canta alto para eu ouvir do lado de cá da janela.

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